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Pain Management

Tutorial 419

Hiperalgesia Induzida por Opioides

Osmond Morris1†, Larry Crowley2

  • Pesquisador em Anestesia, Hospital de St James, Dublin, Irlanda
  • Anestesista Consultor, Hospital Universitário de St Vincent, Dublin, Irlanda

Editado por: Dr. Christopher Haley, Anestesista Consultor, Ciências da Saúde de Kingston, Ontário, Canadá

† E-mail do autor correspondente: morriso@tcd.ie

Publicado em 3 de março de 2020

Published March 3, 2020

PONTOS-CHAVE

  • A hiperalgesia induzida por opioides (HIO) é um tipo de hiperalgesia secundária e resulta em uma sensibilidade aumentada aos estímulos dolorosos em pacientes que foram tratados com opióides.
  • Há uma sobreposição significativa entre HIO, tolerância aguda a opioides e crise de abstinência aguda de opioides. Isso pode ocorrer como resposta a uma exposição aguda e crônica a opioides.
  • O mecanismo da HIO não é completamente compreendido e provavelmente é multifatorial; contudo, há evidências significativas de que o receptor de N-metil-D-aspartato desempenha um papel essencial.
  • Uma meta-análise recente relatou HIO após a administração de opioides, e a administração de remifentanil teve um impacto significativo na dor pós-operatória e uso de opioides pelos pacientes.
  • As estratégias para prevenir e gerenciar a HIO carecem de evidências, mas estão centradas no uso de uma abordagem multimodal.

INTRODUÇÃO

Os opioides têm sido administrados para fins analgésicos por milhares de anos, e, conforme a especialidade da anestesia tem se desenvolvido nos últimos 150 anos, o uso de opioides têm permanecido com uma das pedras fundamentais da nossa prática. Desde que os Sumérios e os antigos Egípcios usaram o ópio para a cura para a dor pela primeira vez, o número de opioides disponíveis para nós tem aumentado, mas o mesmo tem acontecido com um entendimento dos seus efeitos colaterais. A hiperalgesia induzida por opioides (HIO) é um desses fenômenos, e há uma compreensão crescente de sua prevalência e significância.

Neste tutorial, discutiremos a HIO, seu mecanismo proposto, relevância clínica para anestesistas, e evidências sobre estratégias para preveni-la e gerenciá-la no ambiente perioperatório.

O QUE É A HIO?

A hiperalgesia é uma resposta aumentada à dor a partir de um estímulo que geralmente provoca dor. Isso é diferente da alodinia (dor a partir de um estímulo que geralmente não causa dor). A hiperalgesia pode ser primária ou secundária.

  • A hiperalgesia primária ocorre em resposta a um estímulo nocivo (p.ex.: uma incisão na pele). Limita-se a uma área de lesão e se deve a uma sensibilização periférica do nociceptor.
  • A hiperalgesia secundária é caracterizada pela dor que se manifesta em local distante do estímulo nocivo. Considera-se secundária à sensibilização central que ocorre no nível da medula espinhal.

A HIO é um tipo de hiperalgesia secundária. Está associada à sensibilização nociceptiva difusa devida à exposição a opioides. Resulta em uma hipersensibilidade paradoxal a estímulos dolorosos não necessariamente envolvendo o local da lesão.

O HIO também pode envolver muitos sintomas não-específicos como alodinia (dor causada por um estímulo geralmente não-doloroso) e, como tal, há uma sobreposição significativamente entre a HIO, a tolerância aguda a opioides, e a crise de abstinência aguda a opioides. A natureza não-específica dos sintomas e o fato de que não há critérios diagnósticos específicos para a HIO podem tornar o seu diagnóstico desafiador.

A HIO também pode ocorrer em resposta à exposição a opioides tanto em um cenário agudo (p. ex.: quando se recebe remifentanil intraoperatoriamente) como em pacientes recebendo tratamento com opioides por longo período (p. ex.: para dor de câncer ou pacientes recebendo metadona para dependência química).

Os opioides atuam nos receptores opioides. Há três receptores opioides clássicos: mu (µ), delta (δ) e kappa (κ), também conhecidos como receptores MOP, DOP e KOP, respectivamente. Um quarto receptor semelhante aos opioides foi descoberto nos anos 1990, rotulado receptor da nociceptina, ou NOP. Os opioides ligam esses receptores acoplados à proteína G espalhados por todo o corpo para produzir uma variedade de efeitos.

Mecanismo

O mecanismo exato da HIO não é completamente compreendido, contudo, existem muitas teorias, apoiadas por variados graus de evidências científicas básicas e clínicas. Provavelmente se deve a um desequilíbrio das vias pro- e antinociceptivas, com fatores múltiplos incluindo cvias centrais e periféricas. A genética também pode desempenhar um papel. Alguns dos mecanismos propostos são discutidos abaixo.

Sistema Glutaminérgico Central

O glutamato, um dos principais neurotransmissores excitatórios, é conhecido por atuar no receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). O receptor NMDA é conhecido por ser implicado na iniciação e propagação da sensibilização central da dor. Tanto o uso de opioides por período, quanto por longo prazo mostraram aumentar a atividade do receptor NMDA no nível espinhal. ¹Mao et al² demonstraram em modelos animais que a exposição prolongada a opioides resultaram em uma infrarregulação dose dependente do transportador de glutamato na medula espinhal. Isso resultou em uma depuração reduzida e níveis mais altos de glutamato (um neurotransmissor excitatório) no corno dorsal da medula espinhal, bem como maior atividade do receptor NMDA. Essa atividade aumentada no receptor NMDA e a subsequente infrarregulação do recepto estavam associadas a um maior nível de hiperalgesia.

O receptor NMDA tem ainda outras implicações ; vários estudos em animais e humanos demonstraram que os antagonistas do receptor NMDA, como a cetamina, ajudam a prevenir a HIO.³

Dinorfinas Espinhais

As dinorfinas são peptídeos opioides. Demonstrou-se que a exposição ao agonista do receptor µ suprarregula significativamente as dinorfinas espinhais. Isso parece promover níveis aumentados de vários neurotransmissores excitatórios, que atuam para aumentar a entrada nociceptiva no nível espinhal.4

Facilitação Descendente

No cérebro, dentro da fossa rombóide, fica o bulbo ventromedial rostral (BVR). O BVR contém tanto neurônios “liga”(on) quanto neurônios “desliga”(off). Estes atuam como neurônios excitatórios e inibitórios, respectivamente. Subconjuntos dessas células têm uma resposta única aos opioides. Células “on” podem ser ativadas por opioides, levando a um processamento nociceptivo espinhal aumentado.5 De fato a interrupção dessas vias descendentes em modelos animais previnem aumentos induzidos por opioides nas dinorfinas espinhais relacionadas à HIO.5

Vários outros mecanismos têm sido implicados nas origens da HIO, desde fatores genéticos, envolvimento de células neuroimunes dentro do corno dorsal espinhal, sensibilização periférica de neurônios primários afetados via receptores µ, e produção aumentada com recaptação reduzida de vários neurotransmissores excitatórios.5

Em suma, o desenvolvimento da HIO envolve múltiplos locais centrais e periféricos, com múltiplos mecanismos implicados; a importância exata de cada um permanece atualmente incerta.

EVIDÊNCIAS DE RELEVÂNCIA CLÍNICA

A maioria dos estudos até a data atual que tentaram obter a incidência da HIO têm sido pequenos e feito em centros únicos. Em 2014, o British Journal of Anesthesia publicou uma meta-análise que visava determinar se a HIO teve um impacto significativo na dor dos pacientes no período pós-operatório. Quase 1.500 pacientes foram incluídos de 27 ensaios de controle randômico.6

Ao comparar escores de dor por 24 horas no pós-operatório, os autores encontraram escores de dor significativamente mais altos nas primeiras 24 horas em pacientes que receberam opioides intraoperatórios quando comparados com o grupo de controle. Eles também descobriram um uso significativamente mais alto de morfina naqueles que receberam opioides intraoperatórios quando comparados com o grupo de controle. Essa diferença entre os grupos foi produzida predominantemente por dados de ensaios que investigavam o uso de remifentanil intraoperatoriamente (não fentanil nem sufentanil).6 Pacientes que receberam remifentanil intraoperaório demandaram 18mg extras de morfina em média no pós-operatório.6

De maneira geral, doses intraoperatórias altas de remifentanil levam a hiperalgesia pós-operatória, e os efeitos podem durar, no mínimo, 24 horas.6 A dose na qual isso ocorre é menos certa, pois os ensaios diferiam enormemente quanto aos seus regimes de administração, com doses cumulativas médias variando de 381 a 5.644 µg. Acerca de outros opioides intraoperatórios, não houve dados suficientes para se chegar a conclusões significativas.

PREVENÇÃO E MANEJO

Farmacoterapia

Propofol

Há algumas evidências que suportam o uso de propofol na modulação dos efeitos da HIO, possivelmente através do seu efeito sobre os receptores do ácido gama-aminobutírico. Shin et al7 descobriram que os altos escores de dor observados com altas doses de remifentanil em um anestésico baseado em sevoflurano não foram vistos com uma anestesia baseada em propofol, e isso foi suportado por uma análise de subgrupo em uma meta-análise posterior.6

Agonistas de Receptor Alfa – 2

Tanto a clonidina e a dexmedetomidina são opções atraentes pra atenuar a HIO parcialmente por causa de sua ampla disponibilidade em salas de cirurgia e da familiaridade dos anestesistas no uso delas. Contudo, os dados que suportam seu uso são limitados, e os resultados de vários ensaios em animais são conflitantes.  Há algumas evidências em voluntários saudáveis de que uma dose intravenosa de 2 µg/kg de clonidina tenha abolido o efeito hiperalgésico visto após uma infusão de remifentanil.5

Anti-inflamatórios Não Esteroides

Anti inflamatórios não esteroides atuam via enzima ciclo-oxigenase (COX) para inibir a produção de prostaglandinas pró-inflamatórias. Já foi demonstrado que eles modulam o processamento nociceptivo e antagonizam a função do receptor NMDA. De fato, pequenos ensaios clínicos de voluntários saudáveis demonstraram que anti-inflamatórios não-esteroides têm potencial para atenuar a HIO, com a inibição seletiva de COX-2 sendo mais efetiva.5

Cetamina

A cetamina tem muitos sítios de ligação mas seu principal efeito é mediado pela inibição não-competitiva do receptor NMDA. Também reduz a liberação do glutamato na junção pré-sináptica. A Cetaminha tem mostrado alguma eficácia na redução tanto da dor pós-operatória quanto do consumo de opioides pós-operatório. Seu papel no tratamento da dor crônica está se expandindo.

Alguns estudos mostraram que a S-cetamina, um isômero da cetamina, diminui a indução de hiperalgesia após uma infusão de remifentanil8, e quem, em pacientes que receberam uma dose alta versus uma dose baixa de remifentanil (0,4 µg/kg/min X 0,05 µg/kg/min), as necessidades de opioide pós-operatório foram significativamente reduzidas pela cetaminha (dose de ataque de 0,5 mg/kg, infusão intravenosa de 5 µg/kg/min intraoperatoriamente, e 2 µg/kg/min no pós-operatório).9

Magnésio

O magnésio tem múltiplos locais de ação conhecidos, incluindo o antagonismo ao receptor NMDA. Sua disponibilidade e perfil favorável de efeitos colaterais fazem dele uma opção atraente para prevenir a HIO.

Vários ensaios clínicos descobriram que o magnésio intraoperatório reduz os escores de dor pós-operatória,10 incluindo para tiroidectomia, na  qual a hiperalgesia produzida por alta dose de remifentanil (0,2 µg/kg/min) foi reduzida por um bolus seguido por uma infusão de sulfato de magnésio (bolus de 30 mg/kg, infusão a 10 mg/kg/h).¹¹

Buprenorfina

A buprenorfina é um potente agonista opioide parcial. É um agonista do receptor µ parcial, com atividade antagonista nos receptores Kappa e Delta. As dinorfinas espinhais são conhecidas por terem uma atividade agonista nos receptores Kappa, e esta atividade aumenta durante a administração de opioides. Supõe-se que a buprenorfina pode causar uma redução da atividade de dinorfina via seu antagonismo do receptor Kappa.12

Descobriu-se que uma baixa dose de buprenorfina (0,15 mg) exerce um anti-hiperalgésico duradouro significativo quando dada intravenosamente ou sublingualmente em voluntários saudáveis expostos a estímulos dolorosos,13 enquanto um ensaio controlado randomizado demonstrou que uma infusão de baixa dose de buprenorfina (25 µg/h por 24 horas) preveniu o desenvolvimento de hiperalgesia secundária ao redor da incisão cirúrgica em cirurgia pulmonares maiores quando comparada com morfina em pacientes que atingiram uma infusão alvo-controlada de remifentanil a 4 ng/mL, embora nenhuma diferença tenha sido notada em escores de dor no terceiro mês.14

TERAPIAS NÃO FARMACOLÓGICAS

A dose de opioide administrada, a duração das infusões de opioides, e a maneira como se reduz a taxa de infusão de opioides foram todas relacionadas ao desenvolvimento da HIO, embora uma meta-análise do British Journal of Anestesia tenha sido incapaz de determinar doses e taxas precisas nas quais esses efeitos possam ocorrer.6 Em uma análise de subgrupo, foi observado que, entre 2 grupos que receberam remifentanil, o uso de opioide pós-operatório foi significativamente aumentado no grupo de alta dose de remifentanil.

As taxas de redução da infusão após a infusão foram examinadas em vários estudos pequenos, e os resultados sugerem uma HIO reduzida se a taxa de infusão de remifentanil for gradualmente reduzida ao final de um procedimento (infusão de linha basal de 2,5 ng/mL, reduzida para 0,6 ng/mL a cada 5 minutos).15

HIO NO USO DE OPIOIDE POR LONGO PERÍODO

A HIO não é vista exclusivamente no ambiente perioperatório ou agudo. Estudos demonstraram sensibilidade aumentada a dor em vários grupos que receberam opioides por longo período, incluindo pacientes em terapia de manutenção de metadona e aqueles que começaram um tratamento de 1 mês de opioides para dor crônica nas costas.16,17 A dose e duração da terapia opioide requerida para causar a HIO não está clara neste momento.

O diagnóstico da HIO pode ser particularmente desafiador nesses pacientes, já que os potenciais diferenciais incluem a progressão basal da dor, tolerância aumentada e HIO, todas as quais podem ter apresentações semelhantes. A história e a análise são da maior importância, a HIO tipicamente demonstram uma dor mais vaga e menos bem definida e que envolve áreas distantes do local original da dor. A HIO também responderá diferentemente a um aumento na dose de opioide, caracteristicamente levando a uma piora dos sintomas.

CONCLUSÃO

A HIO é um efeito colateral comum da administração de opioides, ocorrendo tanto em cenários  agudos quanto em prescrições de longo prazo. Pode ser desafiador diagnosticá-la, dadas as semelhanças a várias síndromes dolorosas, e, de fato, pode ser um dos muitos fatores causando dor em um paciente pós-operatório.

Mostrou-se que o remifentanil é um agente causador comum da HIO no ambiente perioperatório, embora muitos opioides possam causar a HIO tanto no cenário agudo quando no de longo prazo.

Mais pesquisa é necessária sobre as estratégias específicas para prevenir a HIO. Contudo, parece sensato usar a dose mais baixa de opioide, pelo período de tempo mais curto, em conjunto com uma abordagem multimodal para o manejo de dor.

REFERÊNCIAS

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