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Obstetric Anaesthesia

Tutorial 1

Tutorial De Anestesia Da Semana Reanimação Cardíaca Em Gestantes

Dr. Márcio de Pinho Martins

Rio de Janeiro, Brasil.

Correspondência para  marciopinho2007@yahoo.com.br

2nd DECEMBER 2014

QUESTIONÁRIO 

Antes de continuar, tente responder às sequintes perguntas. As respostas poderão ser encontradas no final deste tutorial.

  1. A principal causa de mortalidade materna no Brasil é:
    1. Hemorragias
    2. Hipertensão
    3. Infecção puerperal
    4. Aborto
  2. Em relação a mortalidade materna no Brasil, assinale a resposta correta:
    1. Aumentou nos últimos quatro anos
    2. Causas obstétricas indiretas são a principal causa de morte materna
    3. A redução na mortalidade se deve à queda de causas obstétricas diretas
    4. Encontra-se em taxas comparáveis aos países desenvolvidos
  3. Representa uma medida do atendimento primário da PCR em gestante:
    1. Cesariana
    2. Massagem cardíaca interna
    3. Adrenalina
    4. Chamar por ajuda
  4. No atendimento secundário da gestante, a prioridade deve ser:
    1. Não retardar a desfibrilação quando indicado
    2. Obter acesso venoso profundo
    3. Cesariana no início da PCR
    4. Administrar MgSO4
  5. São duas características da RCP de alta qualidade:
    1. Compressões torácicas > 100/min e profundidade mínima de 5 cm
    2. Interromper as compressões a cada minuto e 12 ventilações/min
    3. Relação compressão/ventilação de 15/2 e intubação precoce
    4. Hiperventilação e compressão torácica de 100/min

INTRODUÇÃO

A mortalidade materna é um grave problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, segundo o DATASUS, observa-se que a mortalidade materna apresenta redução nos últimos anos (figura 1). No Brasil, a principal causa de morte materna é a hipertensão. Outras causas importantes são a infecção puerperal e o aborto.

Figura 1

Figura 1. Número de óbitos maternos notificados, [1] País [2] Região. Fonte: SIM – Julho de 2013.

Uma das principais causas de morte materna no mundo é a hemorragia (segunda causa de morte materna no Brasil). Devido às alterações fisiológicas da gravidez é difícil estimar corretamente as perdas sanguíneas, o que pode retardar a reposição volêmica adequada, contribuindo para a parada cardíaca (ou parada cardiorrespiratória – PCR) em casos mais graves.

O objetivo deste tutorial é revisar as principais recomendações para reanimação cardiorrespiratória (RCP) de gestantes, de acordo com o consenso do comitê internacional de reanimação da AHAILCOR1.

ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DA PCR

Diversas medidas podem ser tomadas em qualquer gestante para minimizar alterações cardiocirculatórias, principalmente em gestantes com complicações graves, entre elas:

  • Posição em decúbito lateral esquerdo (DLE);
  • O2 sob máscara facial a 100%;
  • Acesso venoso acima do diafragma;
  • Corrigir hipotensão (PAS<100 mmHg ou redução > 20% da pressão de admissão);
  • Avaliar e corrigir fatores que possam contribuir para piora do quadro clínico.

TRATAMENTO DA PCR EM GESTANTES

A maioria das intervenções não apresenta modificações nas gestantes, as mesmas recomendações do suporte básico (SBV) e avançado de vida (SAV) para adultos estão recomendadas (figura 2). Para revisão geral destas recomendações, consulte o livro do SAVA2. As principais alterações são em relação à alterações das condutas devido às alterações próprias da gravidez e à presença do feto, com a possibilidade de intervenção cirúrgica para melhorar as chances de sobrevida materno-fetal.

Figura 2

Figura 2. Algoritmo de suporte avançado de vida.

A reanimação pode ser dividida em atendimentos primário e secundário. O atendimento primário da PCR em gestantes consiste em:

  • Ativar equipe para atendimento da PCR e anotar o início da RCP;
  • Colocar a paciente em posição supina;
  • Iniciar as compressões torácicas com as mãos no esterno um pouco acima do habitual (próximo ao manúbrio esternal).

O atendimento secundário consiste em manter uma RCP de alta qualidade. As principais alterações da RCP na gestante são:

  • Obter acesso venoso acima do diafragma;
  • Intubação traqueal precoce;
  • Usar a capnografia;
  • Não retardar a desfibrilação nos ritmos desfibriláveis;
  • Controlar a hipovolemia com reposição generosa de cristalóides;
  • Se a paciente estava medicada com sulfato de magnésio antes da PCR, interromper a infusão de MgSO4 e administrar cálcio EV (10 ml de cloridrato de cálcio a 10% ou 30 ml de gluconato de cálcio).

Nas pacientes com útero gravídico evidente recomenda-se o deslocamento manual do útero para esquerda durante todo o período da RCP. Se a paciente está monitorizada com cardiotocografia, os cabos devem ser retirados. No momento da PCR, as equipes da obstetrícia e pediatria devem ser acionadas para cesariana de emergência, que deverá ocorrer após 4 min de RCP sem retorno da circulação espontânea.

Durante a RCP, pesquisar e tratar os principais fatores desencadeantes da PCR em gestantes, de acordo com o mneumônico da língua inglesa, BEAU CHOPS, descrito na tabela 1.

Tabela 1

Tabela 1. Fatores desencadeantes de PCR em gestantes.

PONTOS IMPORTANTES

  • O diagnóstico de PCR materna indica o acionamento imediato da equipe obstétrica e de atendimento neonatal.
  • As mesmas doses (fármacos e desfibrilação) são empregadas em gestantes.
  • Intubação traqueal no início da RCP.
  • A RCP deve ser de alta qualidade e não deve ser interrompida, mesmo durante intervenção cirúrgica.
  • A cesariana e o deslocamento manual do útero estão indicados somente quando o fundo do útero for evidente, independente da idade gestacional.
  • A maior chance de sobrevivência fetal está relacionada à sobrevida materna.

RESPOSTA DAS QUESTÕES INICIAIS

Questão 1. Resposta B.

A etiologia das causas diretas da morte materna pode variar. Em vários países a hemorragia é a principal causa de óbito materno. Outras causas são a infeçcão puerperal e o aborto.

Questão 2. Resposta C

A redução na mortalidade materna no Brasil se deve à redução de 56% das causas obstétricas diretas. A razão de mortalidade materna encontra-se em declínio ao longo das últimas décadas, porém ainda está acima da taxa de países desenvolvidos. A meta brasileira para 2015 é de 35 mortes/100.000 nascidos vivos, ainda estamos com taxa superior a 66/100.000 nascidos vivos.

Questão 3. Resposta D

Chamar por ajuda e fornecer oxigênio são as duas medidas iniciais no atendimento de qualquer PCR. A partir deste momento, as manobras de ressuscitação devem ser iniciadas, seguindo os protocolos de SBV e SAV. A massagem cardíaca interna não apresenta vantagens significativas em relação às compressões torácicas convencionais. A adrenalina está indicada em todas as etiologias de PCR após o início do SBV. A cesariana está indicada após 4 min de RCP.

Questão 4. Resposta A

A desfibrilação precoce faz parte da RCP de alta qualidade, está indicada nos ritmos desfibriláveis, como a FV-TV sem pulso. Não está indicado o acesso venoso profundo durante a RCP, os resultados do acesso são equivalentes em relação à sobrevida. A administração de MgSO4 em pacientes com eclampsia/pré eclampsia deve ser interrompida durante a PCR.

Questão 5. Resposta A

Para realizar RCP de alta qualidade devemos realizar:

  • Compressão torácica (CT) rápida e forte;
  • Minimizar as interrupções durante a MCE;
  • Profundidade mínima da CT de 5 cm;
  • Permitir o retorno total da parede torácica após cada CT;
  • Relação compressão-ventilação de 30:2 para adultos, crianças e bebês (exceto recémnascidos), quando a via aérea não está garantida;
  • Evitar hiperventilação;
  • Desfibrilar precocemente.

LINKS PARA SITES ÚTEIS NA INTERNET

Livro do SAVA (Suporte Avançado de Vida em Anestesia) disponível para download em: http://www.sba.com.br/conhecimento/ebooks.asp http://circ.ahajournals.org/content/122/18_suppl_3/S829.full

REFERÊNCIAS E LEITURAS RECOMENDADAS

Moitra VK, Gabrielli A, Maccioli GA, O’Connor MF. Anesthesia advanced circulatory life support.

Can J Anaesth. 2012;59(6):586-603.

Neligan PJ, Laffey JG. Clinical review: Special populations–critical illness and pregnancy. Crit Care. 2011,12;15(4):227.

Observaçoes Importantes:

5. Endereçar correspondência para Dr Getúlio R de Oliveira Filho (oliveirafilho.gr@gmail.com)

1 Vanden Hoek TL, Morrison LJ, Shuster M et al. Part 12: cardiac arrest in special situations: 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2010, 2;122(18 Suppl 3):S829-61.

2 Suporte Avançado de Vida em Anestesia. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Anestesiologia/SBA, 2011.

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